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_ quarta-feira, novembro 26, 2003 _


Este blog vai congelar até terça. Vou a Barcelona.
João | 11:42 | 0 comments

_ segunda-feira, novembro 24, 2003 _


Fiquei contente por o Dicionário do Diabo ter linkado o Beautiful Poses. Só não gosto do peso da responsabilidade que isso implica. Vejo na engenhoca do track visitors que já tive 24 visitas à custa desse link, e por isso, antes que o número aumente, faço o aviso: o meu blog é umbiguista e desinteressante. Olá!

João | 16:51 | 0 comments

_ quinta-feira, novembro 20, 2003 _


Rosebud...
João | 18:28 | 0 comments

_ quarta-feira, novembro 19, 2003 _


Hoje corri e consegui apanhar todas as carruagens de metro. Literalmente e metaforicamente, porque também consegui comprar bilhete para o Citizen Kane na Cinemateca. Ao contrário do que tem acontecido ao Katz, coitado...
Nunca vi nada do Orson Welles. Mas sei que o nome dele, ou este filme em particular, e no que ao cinema diz respeito, constava em todas as listas fim-de-milénio que se fizeram aos pontapés há três anos atrás. E além disso, ou por cima disso, a Agustina Bessa-Luís quis em tempos casar-se com ele.
João | 18:34 | 0 comments

Menti. Ainda tenho outra referência sobre o "Citizen Kane". É de um episódeo da saudosa série Mad abou you, em que se parodiava este filme.
O marido de Helen Hunt, de quem já não me recordo o nome (é o que dá não ganhar Óscares), andava a registar últimos suspiros em hospitais para fazer um documentário sobre a morte (parece divertido). Nisto há um moribundo que, num momento de especial intensidade, diz qualquer coisa sem nexo antes de morrer, o que deixa o marido-da-Helen-Hunt obcecado a ponto de mudar o rumo ao documentário. Procura-se então dar sentido às misteriosas últimas palavras do defunto.
No fim do episódeo, e depois de várias peripécias no funeral, a personagem de Helen Hunt descobre que a última palavra dita pelo morto era não mais do que a marca da máquina de filmar que, apontada à cara na altura do seu último desejo, decidiu ler em voz alta.
Será isto Citizen Kane? Responderei amanhã.
João | 18:23 | 0 comments

Ontem corri e consegui apanhar o metro. Depois de ter obtido um redondo NÃO de todas as cadeias de lojas de música do país, encontrei na MC, no Picoas Plaza, o Orquestra Klaxon do Max de Castro. A dica da loja foi do Filipe. Adorei o atendimento e adorei a MC - também encontrei o "Elis & Tom", que procurava sem sucesso há vários meses. Acabei de gastar com este disco todo o crédito de Novembro para produtos de segunda necessidade.

Assim que abri o inlay cheguei à conclusão de que se um autor decide aparecer de óculos de sol na capa de um disco isso pode significar duas coisas: ou é cego ou é feio.
Chego a casa e ponho no repeat o "Calaram a voz do nosso amor". Quando me farto ouço o resto. Trata-se de um funk-samba cool, no que isso tem de bom e tem de mau. Bom porque é um som agradável e funciona muito bem como música de fundo, mau porque não consegue estabelecer uma relação mais forte do que isso. Já agora, o Max de Castro não é cego.
João | 18:06 | 0 comments

Não tenho por hábito comprar o DN, e por isso li com muita curiosidade que a Margarida Rebelo Pinto ameaçou o Pedro Mexia com um processo, em resposta a uma crónica sua. Dado que não tinha na altura muito tempo para pesquisas, fiz um repto no fórum do Citador e, como era de prever, a conversa ficou interessante. É uma parvoíce dizer que os nossos ódios não merecem uma discussão. Passa-se da MRP para os seios do Paulo Coelho, e do Paulo Coelho para o hype do José Luís Peixoto. Check it out.
João | 17:55 | 0 comments

_ segunda-feira, novembro 17, 2003 _


A honestidade do meu subconsciente.
Não há nada mais perigoso para as relações de amizade do que falar de alguém a outra pessoa por sms. Já por duas vezes me aconteceu escrever "O X é isto" e, por estar a pensar em X, numa estúpida e primária correspondência mental, enganar-me e enviar o sms precisamente para X. É claro que me apercebo do erro assim que a animação do A ENVIAR MENSAGEM... aparece no écran do telemóvel, e entro imediatamente em pânico, mas, por mais que prima a tecla C ou tente desligar o telemóvel, aquele pacotinho de dados já vai irreversivelmente lançado entre routers e antenas. A animação deveria ser A ENVIAR MÍSSIL...
Estes erros são impossíveis de esclarecer.
João | 12:03 | 0 comments

I Want You, But I Don't Need You
I like you, and I'd like you to like me to like you
But I don't need you
Don't need you to want me to like you
Because if you didn't like me
I would still like you, you see
La la la

I lick you, I like you to like me to lick you
But I don't need you
Don't need you to like me to lick you
If your pleasure turned into pain
I would still lick for my personal gain
La la la

I fuck you, and I love you to love me to fuck you
But I don't fucking need you
Don't need you to need me to fuck you
If you need me to need you to fuck
That fucks everything up
La la la

I want you, and I want you to want me to want you
But I don't need you
Don't need you to need me to need you
That's just me so take me or leave me
But please don't need me
Don't need me to need you to need me
Cos we're here one minute, the next we're dead
So love me and leave me
But try not to need me
Enough said
I want you, but I don't need you

I love you, and I love how you love how I love you
But I don't need you
Don't need you to love me to love you
If your love changed into hate
Would my love have been a mistake?
La la la

So I'm gonna leave you, and I'd like you to leave me to leave you
But lover believe me, it isn't because I don't need you (you know I don't need you)
All I wanted was to be wanted
But you're drowning me deep in your need to be needed
La la la

("I Want You, But I Don't Need You", Momus)
João | 11:53 | 0 comments

Pensamentos sobre blogs.
1. A verdadeira vocação dos blogs é a democratização do opinion making, mas um opinion making sem rosto e sem responsabilidades (na medida do que cada um desejar), e portanto menos mediático. Mesmo assim opinion making.
2. Os blogs ultra-pessoais e umbiguistas, ou os blogs de ficção e construção de personagens, tendem a perder interesse se não conseguem relacionar os seus leitores com o que ali é escrito.
3. Há uma estratégia de sedução em todos os blogs que passa por ser-se pessoal ou tentar estabelecer ligações com o exterior (links, sistema de comentários, endereço de e-mail...). Pessoalmente, acabo por recusar blogs que não me tentam seduzir.
João | 11:50 | 0 comments

One of my favorite things: céu limpinho e frio.
João | 11:47 | 0 comments

_ sexta-feira, novembro 14, 2003 _


Aforismo culinário: Se quer ser um bom cozinheiro, apaixone-se por alguém que goste de comer.
João | 12:35 | 0 comments

Deixa cá ver se consigo:


(afinal meter pics é fácil e de graça...)

Queria comprar o Orchestra Klaxon do Max de Castro. Mas, como já se vai tornando habitual, este disco está esgotado nas FNACs. I see a pattern here... Merda.
ps: a partir do link dá para ouvir as faixas do disco, e a melhor é "Calaram a Voz do Nosso Amor".
João | 09:45 | 0 comments

_ quinta-feira, novembro 13, 2003 _


Caro leitor,
serve este post para fazer um inquérito, o qual pode ser respondido por comentário, ou, se achar tratar-se de coisa que merece elaboração, por mail. As melhores respostas recebem prémio. A pergunta é a seguinte:
Imagine-se a descer as escadas do metro e aperceber-se de que a carruagem já se encontra na estação. Depois de uma hesitação de fracção de segundos - corro?, não corro? - decide fazer um esforço para apanhar o metro, mas, quando está mesmo a entrar, as portas fecham-se. Posto isto, qual seria a sua reacção?
a) Assumir sem pudores a desilusão por o esforço e expectativa terem sido em vão.
b) Fugir à humilhação de quem ficou a olhar do lado de dentro da carruagem e fazer uma pose "de qualquer maneira não era importante".
c) Nem (a), nem (b), e prefiro elaborar resposta.
João | 12:50 | 0 comments

Swimming Pool é um policial em que o enigma a resolver não é a identidade do assassino. Ou seja, é uma perversão do género e uma pós-modernice.
No geral, gostei de ter visto um filme que não é habitado por muita gente e que tem muitas cenas de nudez. No particular, a minha cena preferida é aquela em que estão a Charlotte Rampling, a Ludivine Sagnier e um rapaz sentados num sofá a beber e a fumar, sem saber o que dizer uns aos outros, e a Ludivine se levanta para põr a tocar uma música house-chunga que repete sem parar "Let's do it... Let's do it... Let's do it".
4/5.
João | 12:47 | 0 comments

Letra de "Subida aos Céus" dos Três Tristes Tigres, tirada de ouvido.
Quero ser amada só por mim / e não por andar enfeitada / Ser adorada mesmo assim: / careca, nua e descarnada. // Engano de alma ledo e cego / Ó Linda Inês posta em sossego / Imortal. Diz adeus. // Com perfumes a presa é fácil / com jóias e casacos de peles. / Gosto do amor quando é difícil / e cheiro ao meu hálito reles. // Quero ser amada à flor da pele / não quero peles de vison. / Amada p'lo sabor a mel / e não pela cor do baton. // Engano de alma ledo e cego / Ó Linda Inês posta em sossego / Imortal. Diz adeus. // Com carne viva a presa é fácil / é ordinário e obsoleto. / Gosto do amor quando é difícil / quando me aquecem o esqueleto. // Quero ser amada p'la morte / p'los meus ossos de luar / Quero que os cães da minha corte / passem as noites a ladrar. // Engano de alma ledo e cego / Ó Linda Inês posta em sossego / Imortal. Diz adeus.
Sobe aos céus.
Sobe aos céus.
João | 12:46 | 0 comments

Acho que o meu Nokia quer subir aos céus.
João | 12:42 | 0 comments

_ terça-feira, novembro 11, 2003 _


Desde que tomei a decisão de praticar natação regularmente, nunca mais fui à piscina. É a confirmação de que sou um diletante miserável nisto de desportos e vida saudável, mas ao menos deu para constatar, das únicas duas vezes que fui, um facto interessante: não seria a piscina a fazer-me perder a barriga, mas sim os balneários e a inveja.
Se amanhã não fosse dia de ir ao cinema, ia hoje ver o Swimming Pool. Preciso de um espaço que me engula.
João | 18:39 | 0 comments

Dirigi-me à Carbono na esperança de encontrar um disco de remisturas dos Lambchop ou o disco dos The Thrills, mas só encontrei discos punk-rock, discos de nu-metal & aparentados, e discos de bandas que só foram amadas nos 90s. Ainda por cima, agora que regressei, vejo frustada a minha tentativa de publicar no blog a letra do "Subida aos Céus", dos Três Tristes Tigres, uma vez que não existem páginas de fãs dos 3TT na web. E assim, fico-me, mais uma vez, pela intenção. Estou deprimido.
João | 18:31 | 0 comments

_ segunda-feira, novembro 10, 2003 _



Happy birthday to you. Quando se cresce, as festas de aniversário são transferidas para mesas de restaurante. Há muitas garrafas de vinho, muitos cinzeiros, pratos de comida diferentes, e no final divide-se a conta por todos. Mas ontem, a Rita fez uma festa de aniversário "out of time". Foi de tarde, em sua casa, e tinha uma mesa com pudins e bolos, copos e pratos de plástico, sandes triangulares e sumos - uma dessas mesas de aniversário que ficaram perdidas na infância. Quando os últimos convidados saíram, a Rita ficou com uma casa para arrumar, mas ficou também com coisas doces para comer nos próximos lanches e pequenos-almoços. E quem regressou sozinho a casa, fê-lo com uma melancolia canídea no olhar. Falo de mim, obviamente. Porque foi a Rita quem fez anos, mas fui eu que me senti mais velho.
But I know it's true that good things never last
Cause I'm older now, much older than I was, when I was young.

("I'm older now", Jay Jay Johanson)
João | 11:22 | 0 comments

_ sábado, novembro 08, 2003 _


Adorei o post que o Bruno escreveu sobre as potencialidades de uma sala de cinema como espaço para pré-encontros amorosos/sexuais.
Lembrei-me imediatamente que, há quatro anos, tentei escrever um conto que se iniciava com um rapaz (Ricardo) a apaixonar-se por uma rapariga (Raquel). No meu proto-conto, o espaço que escolhi para isso acontecer era também o de uma sala de cinema.
A sinopse do meu conto é esta: Raquel, durante a projecção de um filme, inclina-se para um murmúrio e a sua franja toca no pescoço de Ricardo; Ricardo apaixona-se; Ricardo escreve uma declaração na folha em branco de um livro de Herbert Helder; Ricardo empresta o livro a Raquel; Raquel devolve o livro e abandona Ricardo na mesa de café sem dizer nada; Ricardo chora; Ricardo abre o livro na página em que escreveu as suas intenções amorosas mas a página está em branco; Ricardo chora mais.
O twist do meu conto, que ficou por escrever, seria o de que Raquel rejeita Ricardo ficando com o seu livro e dando-lhe um outro, adquirido precisamente para esse efeito, daí­ que a página que Ricardo quis reler estivesse imaculada como antes de se apaixonar - Raquel dá a Ricardo a possibilidade de voltar atrás.
Nunca acabei o meu conto. Primeiro, porque o meu talento literário é limitado e é bastante díficil escrever como é que alguém se apaixona, e segundo, porque não há momentos em que as pessoas se apaixonam. A paixão é como as revoluções - é impossível saber quando começam.
O meu conto chamava-se "O Livro".
João | 17:30 | 0 comments

_ sexta-feira, novembro 07, 2003 _


Eu e o Filipe não conseguimos estar de acordo nisto de propinas. Acho que a sua análise à manifestação dos estudantes, com o título "Egoístas", está carregada de preconceitos. Vou abordar neste post esses preconceitos.
Já me deram argumentos muito bons para defender esta política de financiamento do ensino superior, Filipe inclusive, mas aqueles que não se conseguem desligar do ódiozinho ao estudante de capa preta e copo de cerveja na mão, curiosamente os mais recorrentes, merecem da minha parte muitas reservas. Só de ânimo leve se pode escrever isto: Mas é um facto que os estudantes cujos pais não podem pagar as propinas não estiveram ontem na manifestação. O horário para o qual o passeio até São Bento foi marcado caiu em cima dos turnos da tarde dos call-centers. Isto não me parece muito diferente de criticar as gay's parades por causa dos rapazes andróginos que as objectivas dos fotógrafos acham tão fotogénicos. Isto não me parece muito diferente de dizer ao Miguel Sousa Tavares que vai ter de pagar mais impostos para caçar em reservas de caça alentejanas apenas porque pode.
Agora sou eu, de ânimo leve, que escrevo isto: a principal razão porque esta medida é tão popular fora da classe estudantil é porque representa um castigo para esse grupo de estudantes que vai fumar charros para as ruas do Bairro Alto ou pagar consumos mínimos nos bares das Docas - vá, agora paguem por isso, seus ignorantes desinteressantes!
Porque é que não cabe no raciocínio do Filipe que alguns desses manifestantes sejam pessoas com sentido de responsabilidade, e se manifestem precisamente para não terem de ingressar no maravilhoso mundo da fast-food ou dos call-centers?
João | 17:20 | 0 comments

Vidinha, pt. 1. Hoje levantei-me às 7h da manhã para me deslocar de Alcobaça até Coimbra, o que por sua vez me obrigou a deslocar previamente de Lisboa para Alcobaça. E porquê? Assuntos de homens...
Só o facto de não poder pedir um adiamento para incorporação militar num local mais próximo de Alcobaça, ou não o poder fazer em Lisboa, onde fiz a inspecção, já seria um motivo de queixa, mas o que se passou em Coimbra deixou-me completamente desarmado. Depois de alguns segundos a preencher uma folha, perguntei à senhora (simpática) como se processava esta coisa de aparecer em edital a classificação "reserva territorial" associada ao meu nome. A resposta foi: Ah, não se preocupe, a gente anda todos à espera que apareça no telejornal alguém a dizer como é que isto vai ficar. Eu agora não lhe sei dizer nada. Assine aqui também.
Enfim...
João | 16:47 | 0 comments

Vidinha, pt. 2. Na viagem para Coimbra, foi o meu pai que segurou o volante. Mais do que uma vez, permaneceu na faixa mais à esquerda e, sempre que um carro atrás buzinava de impaciência, respondia para o retrovisor: Acordasses mais cedo!... Depois, se alguém o ultrapassava pela direira, olhava para o lado e dizia: Esperto!
A única coisa que o redime é ter parado num cafézinho chamado "Daisy".
João | 16:30 | 0 comments

Vidinha, pt. 3. Acordei do torpor que o lugar-do-morto me concedia quando ouvi o meu pai dizer: Olha as gajas!, olhas as gajas! Durante uns dois km distribuíam-se à beira da estrada, mais ou menos equidistantes umas das outras, mulheres da vida. Estas mulheres, de braços cruzados e sentadas em banquinhos, pareceram-me paradas no tempo. Pensei para mim: Eu é que estou a passar muito depressa por vocês. E depois pensei: Não quero passar depressa de mais por ninguém.
Alguns metros depois, entrámos numa terreola que se chama "Bonitos". A topografia portuguesa permite as ironias mais tristes: vive-se em Bonitos, mas paga-se para ter sexo.
João | 16:19 | 0 comments

Gosto do John Malkovich. Não é só por ser sócio do Lux, é também pela imagem de homem perverso e intelectualmente ágil que foi construíndo em vários filmes. Penso que é a sua imagem de marca no cinema.
A primeira vez que senti fascínio por homens perversos e intelectualmente ágeis aconteceu quando vi o filme de Stephen Frears, "Dangerous Liaisons", no qual interpretava o papel de Valmont. Adoro aquela cena em que Valmont/John entra à socapa no quarto de Uma Thurman (felizmente, ainda não sabia manejar uma espada), e a coíbe a ter sexo.
Hoje, sinto-me dividido. Acho que prefiro um homem sério.
João | 16:01 | 0 comments

Tudo isto é blog, tudo isto é pop. Invejo o analista político que há aqui.
João | 13:35 | 0 comments

_ quinta-feira, novembro 06, 2003 _


_ terça-feira, novembro 04, 2003 _


A única coisa de que gosto é das cores. Aqui.
João | 15:21 | 0 comments


Sou um viciado em entrevistas à Agustina Bessa-Luís. O seu discurso tem uma verve que me delicia invariavelmente, e podia passar uma tarde inteira a consumir entrevista atrás de entrevista. Aliás, toda a imagem que tenho desta escritora foi construída pelas entrevistas que li - uma velhinha inteligente e perversa, aparentemente simpática, um oráculo sarcástico, uma máquina de aforismos, um ser cínico de olhos pequenos e cabelo apanhado. E, no entanto, não gostei do único livro que li dela, o “Fanny Owen”. Pensava que o livro tinha essa acutilância inteligente a espreitar em cada frase, mas não tinha.
Lembro-me que também comprei o “Homogenic” a pensar que todas as músicas eram iguais ao “It’s oh so quiet”, mas a Björk quase nem berrava. Depois de refazer os meus preconceitos aprendi a gostar, e conheci o Filipe por isso.
Que recompensa receberei se gostar de um livro da Agustina? Talvez com mais maturidade e paciência, com uma história contemporânea, me saia melhor, mas por enquanto sou daquelas pessoas que gosta dela e não a lê. Mas pronto, acho que a Agustina dava uma cronista fantástica, e tirando as écharpes e os colares de pérolas, gostava de ser como ela. Será que vai gostar do novo filme do François Ozon?
Deixo aqui transcritas as partes da entrevista que mais gostei (omiti algumas interrupções do entrevistador).
João | 11:29 | 0 comments

Aquilo para que hoje todos os jovens são criados: um grande destino. Um grande destino ou, no fim de contas, um grande sofrimento, não é? Porque esse destino chega a certa altura, tem um tecto e não vai mais além daquilo. Começa, então, o psiquiatra a ter a sua função. Dizia um médico famoso que dentro de alguns anos se irá ao médico para tratar a doença do insignificantismo. Quando afinal, isso é um erro, no meu entender. Porque, de facto, essa mediania, ou essa pequena existência, está cheia de satisfação, de encantos e até de felicidade.
(Agustina Bessa-Luís in LER)
João | 11:22 | 0 comments

Com grande desespero dos média, o escândalo já não é escândalo. Quando dizem que Portugal está deprimido por causa dos escândalos que se têm avolumado, eu penso: não está nada. (...) Isso, de resto, é muito português. E muito latino. Essa atitude, essa euforia que é criada pela intimação à depressão a que se responde com euforia. (...) Hoje, é uma resistência a qualquer coisa. A uma força, a um poder que procuram exercer sobre as massas. Elas respondem com euforia. No fundo, sabem que os motivos dessa euforia não são importantes. Mas a euforia é importante.
(Agustina Bessa-Luís in LER)
João | 11:21 | 0 comments

A pedofilia é um tema interessantíssimo. Com milhares de anos, evidentemente. Como todas essa situações em que predomina o sexo: são milenárias. (...) Hoje há novas formas de terror. As sociedades sempre foram conseguidas através de normas de terror, através de fórmulas de terror. Essa é uma delas. É essa, é a doença.... (...) A restrição sobre o sexo e também a doença. A importância que a doença toma na vida de uma sociedade e das pessoas é uma forma de terror que lhes é imposta, que as pessoas compreendem bem e que acabam por incorporar profundamente. As pessoas, hoje, vivem oitenta por cento da sua vida em torno da doença. (...) É [um terror] construído. Evidentemente que alguém ganha com isso, naturalmente. E com o sexo, então, de uma maneira fabulosa. É uma coisa que o Harry Potter ainda não... Está a crescer... Mas através da pedofilia, já podia lá chegar.
(Agustina Bessa-Luís in LER)
João | 11:20 | 0 comments

A frivolidade é também uma forma de hipocrisia porque as pessoas não são aquilo. A pessoa, quanto mais frívola nos parece, mais esconde a sua natureza profunda. (...) [Dou essa importância especial aos frívolos] Porque têm mais a noção da sua fraqueza e, portanto, têm de se revestir de qualquer coisa que se imponha - inclusivamente, de uma maneira chocante - mas que é, de certa forma, uma carapaça que os defende. (...) Resta saber se aquilo que eles são merece esse trabalho.
(Agustina Bessa-Luís in LER)
João | 11:20 | 0 comments

Eu não sei se a moda é frívola. Acho que não. É dada, inclusivamente, uma distinção ao que é precário, ao que é pobre. Hoje, vemos uma moda esfarrapada e aceitamo-la. De certa maneira, as pessoas sentem-se mais tranquilas porque aquilo é moda. Aquilo que elas estavam habituadas a não aceitar, agora aceitam e, de certa maneira, vivem em comum com o que, antes, não era possível.
(Agustina Bessa-Luís in LER)
João | 11:19 | 0 comments

_ segunda-feira, novembro 03, 2003 _


Apesar de ser um bocadinho pateta, adoro o spot televisivo de promoção ao Bold.
É assim: dois homens encontram-se numa estação de comboios, cumprimentam-se com um abraço e há um que, não conseguindo resistir a qualquer coisa que o Bold deixou na roupa do outro, não o consegue des-abraçar, acabando o anúncio com um “deslarga-me pá!” por parte do abraçado.
Adoro este spot porque não só escolhe dois homens para publicitar um produto cuja essência é absolutamente doméstica, como centra a mini-narrativa em manifestações de afecto entre eles. É claro que o homem abraçado se vai mostrando gradualmente mais incomodado, mas penso que isso serve mais para realçar a singularidade do detergente com que lavou a sua camisola (as pessoas não lhe resistem) do que para moralizar o final da história. E a prova disso é que, quando o meu pai vê este anúncio, emite sempre um “pffff...” discreto. Isso põe-me cheio de vontade de comprar muitas embalagens de Bold, mas ainda não sou eu que lavo a minha roupa. É assim o mundo capitalista: primeiro nasce o produto, e só depois a necessidade.
João | 16:59 | 0 comments


Há duas coisas que deixei na infância e que, nos dias de hoje, retomei por minha conta e risco: papa Cerelac e pudins instantâneos Boca Doce.
O boca doce é bom, é bom é,
O boca doce...
João | 16:39 | 0 comments

Dado que se tornou impossível fazer comentários, mudei de comment-engenhoca. Para esta.
João | 16:27 | 0 comments