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__ sábado, novembro 08, 2003 _
Adorei o post que o Bruno escreveu sobre as potencialidades de uma sala de cinema como espaço para pré-encontros amorosos/sexuais.
Lembrei-me imediatamente que, há quatro anos, tentei escrever um conto que se iniciava com um rapaz (Ricardo) a apaixonar-se por uma rapariga (Raquel). No meu proto-conto, o espaço que escolhi para isso acontecer era também o de uma sala de cinema. A sinopse do meu conto é esta: Raquel, durante a projecção de um filme, inclina-se para um murmúrio e a sua franja toca no pescoço de Ricardo; Ricardo apaixona-se; Ricardo escreve uma declaração na folha em branco de um livro de Herbert Helder; Ricardo empresta o livro a Raquel; Raquel devolve o livro e abandona Ricardo na mesa de café sem dizer nada; Ricardo chora; Ricardo abre o livro na página em que escreveu as suas intenções amorosas mas a página está em branco; Ricardo chora mais. O twist do meu conto, que ficou por escrever, seria o de que Raquel rejeita Ricardo ficando com o seu livro e dando-lhe um outro, adquirido precisamente para esse efeito, daí que a página que Ricardo quis reler estivesse imaculada como antes de se apaixonar - Raquel dá a Ricardo a possibilidade de voltar atrás. Nunca acabei o meu conto. Primeiro, porque o meu talento literário é limitado e é bastante díficil escrever como é que alguém se apaixona, e segundo, porque não há momentos em que as pessoas se apaixonam. A paixão é como as revoluções - é impossível saber quando começam. O meu conto chamava-se "O Livro". João | 17:30 | |
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