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_ quarta-feira, novembro 16, 2005 _


continuando

e continuando nisto de fotografias e internet

a companhia Completely Naked tem um projecto worl wide web que consiste em recolher fotografias sob o tecto de um mesmo tema. a última recolha totalizou uma selecção final de 500 fotos, e a exposição, depois das galerias online, materializou-se em Londres na Campbell Works.
parece-me que estes trabalhos em comunidades web até podem ser um terreno fértil para coisas interessantes, porque excluem uma série de obstáculos existentes no mundo real: a burocracia, a expectativa, a formalidade, o currículo, a institucionalidade, etc. os resultados finais é que podem ser lixo. e neste caso, os resultados são sofríveis, mas isso também torna a coisa interessante (para mim).

o tema para esta última recolha era 'Intimidade'. 99% das pessoas que participaram sob o espírito da intimidade fizeram-no através de corpos nús, almofadas e lençóis, corpos a foder, corpos a dormir, jogos de sombra sobre a pele, olhares intensos, etc. tudo muito óbvio e ingénuo, portanto.
tenho a sensação de que o raciocínio escondido nestas coisas da auto-exposição, no mundo da arte, é mais ou menos isto: Eu ficava mal nas fotografias que a minha mãe tirava, mas quero mostrar agora ao mundo que sobre determinado ângulo e determinado filtro, a minha beleza invulgar vem ao de cima. o que ainda assim é mil vezes preferível a: Eu sou original e diferente. só não acho é que um pénis ou uma vagina representem qualquer tipo de intimidade. não serão mais símbolos de intimidade do que um nariz, por exemplo.
isto leva-me a uma coisa que me irrita um bocado nas artes actuais (música e cinema incluídos), que é confundir coragem com masturbação.

não deixa no entanto de ser uma boa desculpa para vermos corpos anónimos de todo o mundo (naked people get together!), e aliás, o próprio nome da companhia - Completely Naked - é significativo. se bem que no meio de tantos nús, a roupa torna-se sexy. vejam este rapaz aqui.



eu não sei o que é que isto tem a ver com intimidade (espero que não sejam os pés descalços), mas gosto. gosto de possivelmente todas as fotografias em que uma mão aparece a segurar um cigarro, e se a zona pélvica aparecer no enquadramento, oh boy!

deixo o link para quem quiser ver a exposição online (alguns corpos valem a pena) ou participar em próximas recolhas. para esta já não vão a tempo. de qualquer forma, não sei o que fotografaria sobre o tema 'Intimidade'. não consigo pensar em nada interessante. provavelmente acabaria por fotografar-me nú (não que isso seja interessante, mas eu arranjaria forma de o ser).

João | 14:17 |

5 Comments:

At 16/11/05 13:44, Blogger Joao said...

esperamos ansiosamente.

O_O

 
At 16/11/05 16:31, Blogger Luis Gaspar said...

Revejo-me na tua frase sobre ficava mal nas fotografias que a mãe tirava, logo procuro vingar-me. E também não acho que seja íntimo uma vagina. Acho apenas de mau gosto.

 
At 17/11/05 02:58, Blogger O Puto said...

Acho que a maioria das fotos têm mais a ver com exibicionismo que com intimidade. A meu ver, para registar a intimidade, é necessária espontaneidade e também desconhecimento por parte da pessoa fotografada. Por conseguinte, ninguém consegue fotografar a sua intimidade. Claro que posso estar a dizer um grande disparate.
Intimidade, segundo o dicionário:
1. No mais fundo de si; por dentro.
2. De uma forma muito estreita, muito directa, muito profunda, do ponto de vista social, afectivo ou sexual.

 
At 17/11/05 10:55, Blogger João M said...

monastero, keep on waiting.
lg, vivam as máquinas digitais onde podemos premir nervosamente o botão do 'delete' segundos depois de tirar a foto.
puto, não sei mesmo como é que se regista a intimidade na fotografia. acho que à partida é uma batalha perdida eh eh.

 
At 18/11/05 21:33, Anonymous Anónimo said...

estes trabalhos todos são característicos de uma geração que segue modelos bem definidos. a maior parte terá como inspiração o trabalho do wolfgang tillmans ou da nan goldin.

de certa forma redireccionam, como outros já fizeram antes, a linguagem da fotografia doméstica e o "snapshot" para um contexto artístico.

e a escolha do nú como tema é sintomático do que significa fotografia para muitos dos jovens artistas que estudam/praticam fotografia nos tempos que correm. acham todos que têm que ser "reais". a fotografia não interessa, o que interessa é o assunto e o impacto no espectador. o mundo deles é mais importante do que a forma como o mostram. o tal do faux-naive que tem de ser muito bem feito, e que a maior parte não consegue.

infelizmente as escolas de fotografia estão cheias de seres assim, e infelizmente não existe espaço para tantos pedantes. o hermetismo desta estética faz com que a maior parte dos trabalhos morra quando é colocado na parede das galerias. existem excepções obviamente.

certamente a maioria é anti-digital e fotografam com máquinas-brinquedo. the real deal. ;)

uma sugestão. as fotografias do hedi slimane. eu não gosto das roupas que ele desenha, mas gosto do trabalho fotográfico. está a revelar-se um grande fotógrafo. quase tudo a preto e branco (coisa que é desprezada pelos “realistas”) e realmente íntimo.

podes ver o trabalho do hedi slimane aqui:

http://www.hedislimane.com/

little p

 

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