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_ terça-feira, setembro 20, 2005 _


1.
a reportagem que o jornal da SIC fez sobre a manifestação do PNR foi interessante do ponto de vista formal.
a jornalista nunca aparecia nas interpelações directas aos manifestantes. no enquadramento, apenas um microfone, e um grande plano da cara do entrevistado. as perguntas saíam rápidas e eram sempre do tipo “onde baseia a sua opinião?”, seguidas de um ar hesitante e confuso do entrevistado, e da resposta “está provado que é assim”. pedia-se depois o nome do estudo, o entrevistado não sabia dizer o nome do estudo. este padrão repetiu-se por três ou quatro entrevistas, com excepção de um senhor que muito airosamente precisou a fonte - “o Google”.
a inexistência física da jornalista reforçava a impressão de tratar-se de um confronto entre o próprio canal SIC e os manifestantes, e as entrevistas, intercaladas com os planos gerais da manifestação, surgiam para os entrevistados fazerem cara de parvos. o PNR quer manipular, mas não há ninguém com mais experiência de manipulação do que uma televisão.
só por acaso a posição da SIC é a posição certa, e aqui o acaso é a possibilidade dos lucros publicitários, que por acaso financiam o programa “Esquadrão G” e a própria televisão. o PNR repugna-me, e fiquei contente com a humilhação, mas também achei interessante este confronto entre duas forças de manipulação.

2.
na peça, alguém surgiu a proferir as palavras “maricas” e “paneleiro”. tenho opiniões contraditórias em relação ao futuro destas palavras. se por um lado a conservação do seu peso negativo permite às pessoas marcarem uma posição inequívoca, por outro, não me importava nada que se banalizassem de modo a que fosse possível dizer que "paneleiro" e "maricas" não são insultos.

3.
sobre o suposto móbil desta manifestação, o programa “Esquadrão G”, não tenho deixado de ficar admirado pela opinião violenta de pessoas como a Fernanda Câncio ou o Miguel Vale de Almeida. aceito o argumento de que se trata de tele-lixo baseado em estereótipos, mas não deixo de ficar admirado com a indignação. afinal, qual é a novidade em desvalorizar um programa de televisão? o Miguel Vale de Almeida e a Fernanda Câncio têm visto televisão nos últimos cinco anos?

João | 10:24 |

1 Comments:

At 20/9/05 12:39, Anonymous Anónimo said...

Huummm... Muito interessante essa relação entre o tipo de reportagem e os interesses num programa específico, ambos transitidos pela SIC. muito interessante...

 

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