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_ sexta-feira, outubro 01, 2004 _


Noite Escura

O João Canijo é o meu realizador português preferido. Dele já vi “Sapatos Pretos”, com uma assassina neurótica e um desfecho com pormenores fashion. Depois vi o “Ganhar a vida”, com uma Rita Blanco abandonada do que costumam ser os seus clichés. Mas ver este filme é uma frustração: os pormenores e detalhes do que poderá ser a vida dos emigrantes portugueses em França são muito bem captados, os actores são todos muito bons, mas a história central do filme é uma merda. Uma mãe que se auto-destrói por um filho será sempre uma ideia interessante, mas começa-se a ir a tanto lado que deixa de ser verosímil.

E na quarta-feira vi o “Noite Escura” no São Jorge em ante-estreia, e é aqui que decido que durante duas semanas o João Canijo é o meu realizador português preferido (ainda há-de vir o “Odete”...). Segundo li na sinopse, mistura tragédia grega com casas de alterne, mas eu fico-me apenas pelas casas de alterne obrigado. O filme centra-se numa família gestora de uma casa de “erotismo e sensualidade”, parece passar-se em tempo real, e acontece uma coisa rara que é a narrativa agarrar os espectadores logo ao início e nunca se dispersar. A uns pode parecer pouco sumo, mas a mim agradou-me muito. A história é o mais importante. Não há espaço para um mal de vivre forçado nem para diálogos existenciais com citações de Sartre entre empregadas da limpeza. A assimilação do que são aquelas pessoas vai-se fazendo à medida que a “tragédia” se cumpre, e algumas há que parecem de carne e osso, reais. Por exemplo, a actriz Beatriz Batarda merece que alguém lhe dê um prémio de interpretação. Está fabulosa.

Este senhor também lá estava. Na “Niña Santa” ficou duas filas abaixo da minha, e neste filme aconteceu exactamente o mesmo. Olhou atentamente para as costas da Beatriz Batarda.
João | 18:30 |