.comment-link {margin-left:.6em;} <$BlogRSDUrl$>
_

_ sexta-feira, outubro 17, 2003 _


Propinas. Não sei se sou contra o aumento das propinas ou se não quero pagar esse aumento. Acho que estas duas coisas se confundem em cada estudante, e por isso se acusa tantas vezes as nossas formas de luta de desadequadas e inúteis, como se fossem uma birra infantil.
Por mim, não quero pagar 852 euros porque isso me vai reduzir o poder de compra, e acho que não devo pagar um valor tão elevado porque estudar no ensino superior implica que quando acabar o curso pretendo ter uma actividade qualificada que vai servir o país e pela qual pagarei impostos. Estes impostos, por sua vez, irão pagar serviços às mesmas pessoas que agora me pagam a faculdade. Trabalho melhor em escudos quando se trata de quantias elevadas. Com a propina máxima, vou pagar uma quantia média mensal de 17 contos. Compreendo as justificações para um aumento de propinas, mas, com a realidade de vencimentos em Portugal, 17 contos mensais simplesmente não me parecem aceitáveis num ensino público.
Quando tenho esta discussão com pessoas que se colocam do outro lado, elas sabem sempre valer melhor os seus argumentos -- aconselho um post no blog do Possidónio Cahapa (não me lembro agora do link, sorry) e outro no blog do Miguel Vale de Almeida (nota: nunca discuti nada com eles).
Mas irrita-me q.b. quando nestas discussões surgem dois argumentos:
1. O de que se os estudantes podem gastar dinheiro todos os fins-de-semana em borga, então podem muito bem gastá-lo em propinas. Porque é que aquilo que os estudantes fazem ou deixam de fazer fora da faculdade tem de perseguir de forma tão veemente esta discussão? Lá porque posso suportar os custos de alguns copos ao fim-de-semana devo ser castigado?
2. O de que devia ser aplicado critérios conforme o custo dos cursos. Deram-me o exemplo de que um aluno de filosofia ou sociologia dava ao Estado despesas de livros e papel, enquanto que um de medicina ou informática dava despesas exorbitantes em laboratórios e computadores. Porque é que nos temos de dividir? Eu sugeri outro critério: comparar os recém sociólogos e recém filósofos que trabalham em call-centers ou livrarias com os recém médicos e recém informáticos.
João | 14:20 |